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terça-feira, 7 de junho de 2011

O BE Paciência apresenta: O “Cordel Encantado” da Escola Municipal Manoel Porto Filho

A curiosidade de um estudante da turma Realfa 2B, Projeto Fórmula da Vitória, estimulou a professora Janely na busca de novas formas de educar de uma maneira mais lúdica. A professora, nascida no estado da Paraíba, notou que muitos da turma assistem à novela “Cordel Encantado”, e sempre perguntam sobre os cordéis, relacionando a história de Janely e a beleza apresentada no folhetim de época.


Para dar inicio ao trabalho, Janely precisava dos livrinhos de cordéis para apresentar à turma, e durante um passeio pelo Bairro de Santa Teresa, visitou a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, fundada pelo cordelista, escritor e poeta cearense, Gonçalo Ferreira da Silva. Na Academia, a professora comprou alguns livretos e saiu de lá com o começo do trabalho que logo se tornaria uma Trilha Educativa. “Voltei de lá encantada com o alcance que tal literatura pode tomar, já que só me lembrava dos livrinhos comprados na feira livre em minha infância”, afirmou Janely.


Sobre seu encontro com “Seu” Gonçalo, a professora descreveu com entusiasmo a conversa: Seu Gonçalo, cordelista e presidente da ABLC me recebeu com um cordel fresquinho sobre o planeta terra que acabara de fazer. Tive o prazer de ser a primeira a ouvi-lo pela oratória do próprio autor. Depois de muito custo, consegui escolher trinta títulos que acreditei fossem interessar a meus alunos e contei meu propósito de usá-los para ajudar no processo de aquisição da leitura de meus alunos. Seu Gonçalo aprovou a idéia e fez até um desconto no valor dos cordéis. Os títulos, que variavam entre “Lampião” ao “Massacre de Realengo”, variavam de acordo com o gosto do meu público”, disse Janely, referindo-se a turma.


Abaixo segue o cronograma das aulas, disponibilizado pela professora e narrado pela mesma:

Preparando a aula (de 09 a 13 de maio):

- Cheguei mais cedo e amarrei um cordão no teto da sala e nele coloque os livrinhos. O objetivo era despertar a curiosidade deles.
- Antes de falar dos cordéis, fiz uma acolhida com a música “pipoquinha”, do Quinteto Violado. Para eles imaginarem, de olhos fechados, o que lembrava a música. O objetivo era levar o aluno a imaginar o cenário de muitas das histórias.
- Pedi para os alunos, um por um, escolher um livrinho e os deixei manuseá-los durante dez minutos.  O objetivo era promover um primeiro contato do aluno com o cordel de seu interesse, pois eles nunca tinham visto esse tipo de literatura.
- Fizemos uma roda de conversa sobre a literatura de cordel. Coordenei a conversa fazendo perguntas: por que será que esses livrinhos têm esse nome? Em que lugar do país essa literatura teve origem? Será que ela só trata de temas dessa região? Que característica mais sobressai nesse texto? Do que fala o livro que você escolheu? Entre outras.
- A turma fez a leitura de um cordel escolhido pelos próprios estudantes, seguida da discussão oral sobre as idéias do texto.

Durante a semana:
- Durante essa semana trabalhamos com os livrinhos de cordel no Cantinho da Leitura e os alunos fizeram empréstimos para ler em casa. Trabalhamos também com o curta-metragem animado “O coronel e o lobisomem”, cujo texto de cordel é todo cantado.

Avaliação:
- Os alunos avaliaram no final do dia o que acharam da literatura em cordel , o que mais gostaram e o que não gostaram da aula.


Da sala de aula para a vida:
Gostaria muito de levá-los a Santa Teresa para conhecer o seu Gonçalo e a ABLC, para que eles ouvissem o depoimento de um cordelista, porque este foi o grande sucesso do cordel para o meu público: a proximidade com uma oralidade popular que eles só conheciam pela novela.”


E a Trilha Educativa não parou por ai! No dia 03 de junho, o cordelista Honorato fez uma oficina de xilogravura com a turma. A xilogravura é uma técnica artística de origem chinesa, que consiste em reproduzir uma imagem a partir de um suporte gravado com a imagem que se quer reproduzir, muito parecida com o carimbo. O termo xilogravura vem do suporte escolhido para a técnica, no caso, madeira.


O trabalho foi de grande conhecimento e teve um sucesso enorme para os alunos que ficaram encantados com o cordelista quando começou a contar sua experiência e sua realidade. Além disso, é bem interessante discutir com os alunos como a literatura de cordel, até por sobrevivência, acaba por incorporar inovações da indústria cultural, o que a torna mais rica e diversificada do que já é.


E no dia 09 de junho os alunos da Manoel Porto Filho irão fazer uma troca de experiências culturais e uma caminhada com os alunos da Escola Municipal Vivaldo Ramos, promovendo uma aproximação com a cultura popular nordestina e estimulando um olhar crítico e simultaneamente poético sobre a realidade. Incentivando a sociabilidade entre crianças de meios diferentes valorizando a espontaneidade nos trabalhos escolares e contribuindo para aliar a arte à educação. 

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